quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Nanotecnologia aumenta sucesso de transplante

Nanotecnologia aumenta sucesso de transplante Resultado em coelhos aponta estratégia promissora, também eficaz contra aterosclerose; Incor pretende começar testes em humanos. Pesquisadores do Instituto do Coração (Incor-USP) pretendem lançar mão da nanotecnologia para aumentar os índices de sucesso em transplantes cardíacos e no tratamento de aterosclerose. Em testes com coelhos, os cientistas conseguiram diminuir em 50% as complicações - semelhantes a aterosclerose - que costumam afetar transplantados. Também reduziram em 60% as lesões nas artérias dos coelhos causadas por uma dieta rica em colesterol. Segundo Noedir Stolf, presidente do Incor, os testes clínicos em transplantados podem começar em breve. "Primeiro, vamos experimentar a abordagem em pacientes que já apresentaram algum tipo de complicação depois do procedimento", afirma Stolf. "Mas creio que a estratégia será interessante como forma de prevenção das complicações." Os testes para tratar aterosclerose também estão prestes a começar, aponta Raul Cavalcante Maranhão, que apresentou vários resultados da pesquisa durante a 25.ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), no fim de agosto. Câncer. Maranhão começou a pesquisar nanopartículas em 1987. "Naquela época, ainda nem existia o nome", recorda. Ele queria criar partículas sintéticas de LDL - vulgarmente conhecido como mau colesterol e associado a enfartes e AVCs. A síntese em laboratório pouparia o trabalho de extrair a LDL natural. A princípio, as nanopartículas só seriam usadas em pesquisas. Com o tempo, revelaram papéis muito mais promissores. Maranhão percebeu que, ao injetar as nanopartículas de LDL em coelhos com câncer, o tumor absorvia-as com avidez. Havia uma explicação: células cancerosas necessitam de lipídeos para crescer e se multiplicar. Por isso, elas aumentam na membrana a concentração de receptores que trazem para dentro da célula as partículas de LDL. Naturalmente surgiu a ideia de associar quimioterápicos às nanopartículas. Assim, um medicamento que seria dispersado para todo o corpo pode ser entregue com precisão no tumor. "Diminuímos muito a toxicidade, mantendo, no mínimo, uma idêntica eficácia", diz Maranhão. Com o tempo, os pesquisadores decidiram usar as mesmas nanopartículas para tratar aterosclerose. Maranhão percebeu que elas também se acumulavam nas regiões das artérias onde surgiam lesões características da doença. A aterosclerose é fruto de um processo inflamatório dos vasos sanguíneos. O tratamento normalmente se reduz à desobstrução de artérias entupidas ou à administração de medicamentos que controlam variáveis associadas ao risco vascular, como a pressão e o colesterol. Nanopartículas de LDL com o quimioterápico paclitaxel reduziram em até 60% as lesões ateroscleróticas em coelhos. O paclitaxel é, antes de mais nada, uma droga antiproliferativa. Nas inflamações que acompanham a aterosclerose é comum ocorrer a proliferação de macrófagos e do tecido muscular que reveste as artérias. O medicamento carregado pelas nanopartículas corrige os danos da inflamação. "A doença coronária do transplante cardíaco é "parente" da aterosclerose clássica", explica Stolf. Nas duas situações, surgem placas que podem obstruir os vasos. As semelhanças motivaram o diretor do Incor a testar as nanopartículas com quimioterápicos em um esforço para melhorar a sobrevida depois dos transplantes. Cerca de 10% dos transplantados apresentam algum tipo de alteração na coronária um ano depois do procedimento. Cinco anos depois, o porcentual sobe para 50%. Um quarto das pessoas que se submetem à cirurgia desenvolve lesões ateroscleróticas graves. "É a principal complicação que limita a sobrevida tardia do doente (período que começa um ano depois do transplante)", afirma Stolf. Em coelhos, as alterações na coronária diminuíram 50% com a nanotecnologia. "Agora, vamos associar também (a droga) metotrexate. A eficácia deve ser ainda maior", considera o diretor do Incor. Ele acredita que, no futuro, será possível associar as nanopartículas de LDL a imunossupressores que evitam a rejeição do transplante, mas possuem vários efeitos adversos. "Desta forma, a toxicidade diminuirá muito", aponta o pesquisador. (Alexandre Gonçalves - O Estado de S.Paulo) O que você achou desta matéria? Comente logo abaixo, aguardamos o seu comentário. /*--*/ Que você tenha um ótimo dia! Até breve, muito breve!!!

Um comentário:

  1. Muito interessante esta matéria, novas descobertas são sempre muito bem vindas quando o assunto é saúde.

    ResponderExcluir