terça-feira, 5 de abril de 2011

Quer viver mais? Então pare de se preocupar com isso

“É surpreendente como essas suposições, feitas tanto por cientistas como pela mídia, estão erradas”, diz o psicólogo Howard Friedman, autor do estudo. Friedman e o coautor, Leslie Martin, da Universidade La Sierra, refinaram e complementaram dados de uma pesquisa iniciada pelo pesquisador Louis Terman, com mais de 1.500 crianças que estavam com cerca de 10 anos, em 1921.

“Talvez nossa maior descoberta tenha sido a de que as características da personalidade e relações sociais da infância permitem prever o risco de essas pessoas morrerem décadas mais tarde”, diz Friedman.

O “Projeto Longevidade” – como ficou conhecido o estudo – acompanhou estas crianças ao longo de sua vida, coletando informações que incluíam histórico familiar e de relacionamentos, avaliações de personalidade dos pais e professores, hobbies, se tinham ou não animais de estimação, sucesso no trabalho, níveis de educação, se serviram o serviço militar e outros detalhes.

“Ficou claro que algumas pessoas são mais propensas a desenvolver doenças, levam mais tempo para se recuperar ou, ainda, morrem mais cedo, enquanto outras da mesma idade têm mais capacidade para se recuperar de eventos negativos”.

E para justificar estas diferenças, os pesquisadores tentaram buscar todo o tipo de explicação. Ansiedade, falta de exercício, trabalho excessivo, falta de religião, insociabilidade, não participar de grupos sociais, pessimismo, falta de acesso a cuidados médicos e padrões de comportamento tipo A (comportamento competitivo, desejo de ser o melhor, agressivo, impaciente, preocupado com prazos e cólera diante das protelações e frustrações da vida diária) são alguns dos fatores negativos já conhecidos. Mas o que atrapalhou a pesquisa foi que nenhuma dessas pessoas foi seguida passo a passo ao longo de suas vidas.

Quando Friedman e Martin começaram sua pesquisa em 1991, eles planejavam passar seis meses examinando os indicadores de saúde e longevidade entre os participantes da pesquisa de Terman. Mas o projeto seguiu por mais duas décadas, financiado em parte pelo Instituto Norte-Americano sobre Envelhecimento. O estudo também contou com a participação de cem alunos de graduação e pós-graduação que rastrearam atestados de óbito e analisaram entrevistas e avaliações.

“Chegamos a um novo entendimento sobre a felicidade e a saúde”, disse Martin. “Uma das conclusões que realmente surpreende é que dos participantes do Projeto Longevidade, os que foram mais alegres e tinham mais senso de humor viveram vidas mais curtas, em média, do que aqueles que eram menos alegres, ou seja, foram os mais prudentes que se mantiveram saudáveis e viveram por mais tempo.”

Parte da explicação encontra-se no comportamento. Friedman observou que aqueles que eram mais alegres e otimistas assumiram mais riscos com a saúde ao longo dos anos. “Embora uma abordagem otimista seja útil em uma crise, descobrimos que levar a vida apostando nesse sentimento de “tudo vai ficar bem” pode ser perigoso. Prudência e persistência, no entanto, levaram a uma série de benefícios na velhice destes participantes. Acontece que a felicidade não é uma causa de boa saúde. Ao contrário, felicidade e saúde caminham juntas porque têm raízes comuns”.

Algumas afirmações desmentidas pela pesquisa:

• Casamento: o casamento pode ser bom para a saúde dos homens, mas isso não importa realmente para as mulheres. Homens que mantiveram longos casamentos viveram por mais de 70 anos; menos de um terço dos homens divorciados viveu até 70 anos e os homens que nunca se casaram viveram mais que os que casaram mais de uma vez – mas não viveram tanto quanto os homens casados.

• Divórcio: ser divorciada é muito menos nocivo para a saúde das mulheres. Mulheres que se divorciaram e não casaram viveram quase tanto quanto as que mantiveram longos casamentos.

• Estresse e trabalho: não trabalhar muito ou não se estressar não é um conselho para manter a saúde e uma vida longa. Não trabalhem demais, não se estresse, não funciona como conselho para uma boa saúde e longa vida. O estudo sugere que aqueles que estavam mais envolvidos e comprometidos com seus trabalhos se deram melhor. Continuamente produtivos, homens e mulheres viveram muito mais tempo do que seus companheiros mais descontraídos.

• Escola: entrar na primeira série antes dos 6 anos pode ser um risco para sua vida. Ter tempo suficiente para brincar e ser capaz de se relacionar com colegas é importante para as crianças.

• Animais de estimação: brincar com animais de estimação não tem qualquer relação com uma vida mais longa. Animais de estimação podem às vezes melhorar o bem-estar, mas eles não são um substituto para os amigos.

• Amor: pessoas que se sentem amadas e cuidadas se sentem melhor, mas isso não as ajuda a viver mais tempo. Agora, ajudar e cuidar dos outros, sim. Os grupos sociais aos quais você faz parte muitas vezes determinam o tipo de pessoa que você será – saudável ou não.

Segundo os pesquisadores, nunca é tarde demais para escolher um caminho mais saudável. O primeiro passo é jogar fora as listas e parar de se preocupar com se preocupar.

“Algumas coisas minuciosas que as pessoas se preocupam, como a quantidade de ômega-6 ou ômega-3 presente nos alimentos que ingerimos, na verdade, são pistas falsas, que nos distraem das principais vias”, diz Friedman. “Quando nós reconhecermos padrões de longo prazo saudáveis e não saudáveis em nós mesmos, poderemos maximizar os padrões saudáveis.”

“Fazer mudanças aos poucos é uma grande estratégia”, aconselha Martin. “Você não pode mudar as coisas importantes sobre si mesmo da noite para o dia. Mas dar pequenos passos, um de cada vez, eventualmente, pode criar um caminho para uma vida mais longa.”
(Fonte:Uol –Ciência e Saúde -- Com informações da University of California)

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QUE VOCÊ TENHA UMA ÓTIMA TERÇA-FEIRA!

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